A produção de energia atômica foi destinada a ocorrer no Brasil, por meio do Programa Nuclear Brasileiro que começou a ser definido por volta do ano de 1960 pelo governo.
Ela passou a ser considerada fundamental pelos governantes brasileiros, devido à hipótese de que faltaria no ano 2000 energia elétrica, em virtude do esgotamento do potencial hidrelétrico. Em 1973, o governo propôs, por meio da Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.), um plano de construir cerca de oito usinas nucleares até 1990. Em 1974, criou-se a Nuclebrás (Empresas Nucleares Brasileiras S.A.) que ficou responsável pela execução desse plano. Sendo assim, nesse mesmo ano já se encontravam em andamento as obras civis da primeira usina nuclear brasileira: Angra I, tendo esse nome, pois foi construída na cidade de Angra dos Reis no estado do Rio de Janeiro. Essa usina, porém, só foi ter o seu funcionamento efetivo em 1981. Devido aos problemas técnicos ela teve que ser paralisada e só voltou a funcionar em 1983.
No dia 27 de junho de 1975, com o argumento de que o Brasil já apontava escassez de energia elétrica foi assinado na cidade alemã de Bonn o Acordo de Cooperação Nuclear, pelo qual o Brasil compraria oito usinas nucleares e obteria toda a tecnologia necessária ao seu desenvolvimento nesse setor. Dessa forma, foi dado o passo definitivo para o início da “Era Nuclear Brasileira”.
A partir daí, passaram a crescer os investimentos em relação à produção de energia nuclear no país. Assim, outra usina nuclear – Angra II - passou, em 2000, a entrar em operação. Os projetos relacionados à construção das usinas nucleares evoluíram e foi considerado necessário dar origem a mais uma usina. Sendo assim, deu-se início às obras da Angra III que estão previstas a serem encerradas em 2015. Mas já se sabe que as chances dessa data de término da construção se prolongar são muito grandes. Pois menos de 8% das obras foram concluídas.
Apesar de inovador, o Programa Nuclear Brasileiro, tem sido muito criticado por cientistas e pela população em geral. Dentre os motivos, destaca-se o fato dos responsáveis por esse programa não terem consultado à população nem às associações científicas representativas do país antes de iniciar a construção das usinas em Angra dos Reis, percebeu-se, com isso, que a alegação de que faltaria eletricidade era falsa.
A energia nuclear vem causando algumas consequências consideradas desvantajosas para o crescimento econômico do Brasil. Pode-se citar como exemplo, os custos de construção e operação das usinas que são altos, correspondendo muitas vezes a três vezes mais que os de uma usina hidrelétrica equivalente. Isso quer dizer que o preço por cada quilowatt gerado por uma fonte nuclear é três vezes maior do que o gerado por uma fonte hidrelétrica.
Outra grande desvantagem contida na extração de energia nuclear está relacionada aos riscos que ela envolve. Já foi presenciado pelo mundo, acidentes como Three Miles Island nos Estados Unidos, ocorrido em 1979 e o de Chernobyl, em 1986. O Brasil também pôde viver uma experiência relacionada a um acidente nuclear.
No dia 13 de setembro de 1987, ocorreu em Goiânia o maior acidente radioativo em área urbana. Lá já funcionavam radioterapias que tinham como principais ferramentas as radiações ionizantes, as quais são altamente energizadas. O acidente ocorreu no Instituto Goiano de Radiologia (IGR) que se encontrava fechado e nele havia um aparelho abandonado utilizado para fazer radioterapia, em seu interior havia o isótopo césio 137 dentro de uma cápsula, que até então era blindada. O césio 137 é um isótopo do césio por possuir mesmo número de prótons e diferente número de nêutrons e é um radioisótopo por ser emissor de radiação. Ele era utilizado para bombardear com precisão células cancerígenas e destruí-las sem afetar os tecidos próximos.
O acidente ocorreu quando catadores de papel, em busca de sucatas que pudessem ser vendidas a um ferro velho, invadiram a antiga IGR e levaram para a casa a cápsula que continha o césio 137 e em seguida a violaram. Consequentemente, pessoas, animais, superfícies e tudo que estava próximo ao local sofreram irradiação e foram contaminadas pelo césio 137.
Essa radiação pode causar sérias alterações no organismo humano, que possivelmente resultará em câncer, em síndrome de down, em albinismo ou em anemia. Isso ocorre devido ao fato da mesma possuir capacidade de remover os elétrons da eletrosfera. Esse acidente gerou cerca de 13,4 toneladas de rejeitos radioativos o que acabou por matar e danificar a vida de várias pessoas.
Criança atingida pelo acidente em Goiânia.
Apesar de ter provocado sérios acidentes, a produção de energia nuclear não deve ser analisada apenas pelo ponto de vista negativo. Ela funcionando como uma fonte alternativa de energia possui várias vantagens que também devem ser levadas em consideração.
As indústrias brasileiras, por exemplo, procuram se beneficiar das fontes radioativas para o melhoramento na qualidade do processo produtivo. Cerca de 30% das licenças para o uso dessas fontes estão sob posse dessas companhias.
Montar uma usina nuclear em um país não é um projeto simples. Pois, isso demanda a utilização de uma alta tecnologia. Por isso, a vinda das usinas Angra I, II e III para o Brasil acabou inevitavelmente inovando a área tecnológica do país e trazendo um avanço significativo.
O uso das fontes energéticas nucleares realizado pelas indústrias está relacionado principalmente à medição de espessuras e vazamentos de líquidos. Mas há casos particulares como as indústrias de papel, que usam fontes como o cobalto-60, o irídio-192, o césio-137 e o amerício-241 são essenciais para a garantia de que todas as folhas tenham as mesmas espessuras, para atender as exigências de qualidade do mercado mundial. Já na indústria de bebidas, a radiação é usada para controle de enchimento de vasilhames.
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